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Lua, símbolo


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Odilon Redon. Barco ao luar. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/boat-in-the-moonlight.jpg!Large.jpg

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a Lua é igualmente o primeiro “relógio humano”, graças à sua fácil correlação com o ciclo menstrual, por sua vez, um dos primeiros sinais perceptíveis da passagem do tempo. Assim, a Mulher, com a manifestação de seus ciclos biológicos no sangue menstrual, recebe o fardo da conexão com o transcorrer do tempo e, consequentemente, com a inevitável decrepitude e com a morte. A mesma Lua, no simbolismo astrológico, é ligada à maternidade e à feminilidade, possui um ciclo mensal, sinódico, bastante semelhante, por analogia, à média do ciclo de Saturno em torno do Sol: 29 dias e meio para a primeira, 29 anos e meio para o segundo. As correlações entre um fator e outro não terminam ali. O “Sabbat” babilônico, que são as “regras da deusa lunar Ishtar” (DURAND, 2002, p.109), tem a mesma origem do termo “shabbat”, em hebraico, que, aliás, dá origem ao nosso “sábado”. O mesmo termo vem de “Shabbathai”, que é “Saturno”, naquele idioma (GODWIN, 1997, p. 276). Já no inglês, o
Sábado é, como no latim, “Dies Saturni”, o “dia de Saturno” (“Saturday” ou “Saturn Day”).

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Serpente, semente, lua:

A Serpente como animal lunar ocorre na mesma proporção da relação Lua-Semente, ou, em outras palavras, do simbolismo agro-lunar e “astrobiológico” (DURAND, 2002, p. 282- 328). Guarda-se analogia com a semente, contraída em si mesma na latência da planta em sua plenitude. A semente, essa condição de gérmen, em outras palavras, aquilo que irá germinar a partir da terra. A semente, encravada, enroscada no seio da Terra, pronta para brotar, tal qual serpente ondulante, não raro igualmente enroscada em sua toca na caverna (o Dragão) ou num buraco sob a terra. A serpente/semente representa esse fluxo e refluxo vital cujo signo do enroscamento e da contração/encolhimento guarda isomorfismo com diversas representações sobre aquilo que possui potencial para o crescimento e ascensão (o [Feto], a semente e a planta, por exemplo).


Albert Pinkham Ryder. Lago ao luar. Clique no link para ver a imagem em tamanho maior:rel://files/pond-in-moonlight.jpg

Durand, a serpente é um animal lunar pelos seguintes motivos: A serpente é o triplo símbolo da transformação temporal, da fecundidade e. por fim, da perenidade ancestral. (...) O simbolismo da transformação temporal é ele próprio sobredeterminado no réptil. Este último é ao mesmo tempo animal de muda, que muda de pele permanecendo ele mesmo, e liga-se por isso aos diferentes símbolos teriomórficos do bestiário lunar, mas é igualmente para a consciência mítica o grande símbolo do ciclo temporal, o Ouroboros. A serpente é, para a maior parte das culturas, a duplicação animal da lua, porque desaparece e reaparece ao mesmo ritmo que o astro e teria tantos anéis quantos dias tem a lunação. Por outro lado, a serpente é um animal que desaparece com facilidade nas fendas do solo, que desce aos infernos /Katabasis/, e pela muda regenera-se a si mesmo. Bachelard liga esta faculdade de regenerescência do "animal metamorfose”, esta faculdade tão notável de “arranjar uma Pele nova", ao esquema do ouroboros, da serpente enrolada comendo-se indefinidamente a si própria: "A que morde a cauda não é um simples anel de carne, é dialética material da vida e da morte, a morte que sai da vida e a vida que sai da morte (...) Com isso o psicólogo moderno vai ao encontro do pensamento chinês tradicional, para o qual o dragão e a serpente são os símbolos do fluxo e refluxo da vida. (Durand, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 316-317)

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frases

12 Quando mingua a luna não comeces coisa alguma. (Andrade, Macunaíma).




ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
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